Piracicaba pode levar até três anos para se recuperar da seca

Publicado em 12/03/2014 - 12:00
Piracicaba pode levar até três anos para se recuperar da seca

Apesar de março ter começado com chuvas, o déficit gerado pela escassez em dezembro, janeiro e fevereiro ainda ameaça o rio Piracicaba e outros mananciais com episódios de mortandade de peixes, além da possibilidade de racionamento de água para a população. Tanto o abastecimento público, a biodiversidade aquática, a produção agrícola e industrial, quanto a própria qualidade de vida da população são afetados. O rio Piracicaba, por exemplo, pode levar de dois a três anos para se recuperar dos prejuízos à flora e fauna causados pela seca.

Fevereiro terminou com menos da metade do volume histórico de chuvas para este mês, o que aumentou as chances de racionamento em Piracicaba e região, segundo informação do professor do Departamento de Biossistemas da ESALQ-USP (Escola de Agricultura Luiz de Queiroz), Fábio Marin.

Ele alerta que em 100 anos houve três secas semelhantes, contudo nas anteriores as cidades eram menores assim como a população total, o consumo rural e industrial. “Os eventos de chuva ou seca intensa estão ficando mais frequentes”, diz.

O professor e pesquisador do CENA-USP (Centro de Energia Nuclear na Agricultura), unidade da USP (Universidade de São Paulo) em Piracicaba, Plínio Camargo, afirma que a biodiversidade do rio Piracicaba deve levar de dois a três anos para se recuperar em condições normais.

Ele, que também participa dos comitês PCJ, afirmou que a seca mostrou que nossas ações e políticas para uma situação semelhante não funcionaram. O nível dos reservatórios do Sistema Cantareira era tão baixo que ao se calcular a divisão da água entre as bacias da Grande São Paulo e PCJ, o valor não constava nas tabelas do histórico de vazão.

“A gente já teve agosto com vazões pequenas, mas não em dezembro, janeiro e fevereiro. Isso mostra que nossas ações de planejamento não estão surtindo efeito”, diz Camargo.

O especialista afirma que apenas o saneamento, ou seja, o tratamento de esgoto atual não está resolvendo, além disso, a eficiência das ETEs (estações de tratamento de esgoto) é baixa. Para ele, a preservação de afluentes e nascentes, recuperação de mata ciliar, recuperação de áreas rurais degradadas, entre outras ações são necessárias para se garantir quantidade e qualidade de água.

Ele acredita que os casos de mortandade de peixes ocorridos no mês de janeiro no rio Piracicaba refletem bem a situação. “Eu medi o oxigênio dissolvido outro dia e não achei tão baixo, o que significa que não era a causa primária”, disse Camargo.

O pesquisador alega que se perdem espécies de peixes nesses eventos, principalmente porque se trata do período da desova em que os cardumes sobem o rio. “Acredito que como a natureza é sábia, os peixes vão procurar outros locais para se reproduzir”, diz ele.

Se não houver outros episódios de seca nos próximos dois ou três anos, o rio deve recuperar suas espécies, num panorama mais pessimista isso ocorrerá em cinco anos. “A gente não podia ter deixado isso acontecer”.

Foto: Thomaz Fernandes/G1

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