Mobilidade Urbana em Piracicaba: Para onde vamos?

Publicado em 14/01/2014 - 12:00
Mobilidade Urbana em Piracicaba: Para onde vamos?

Com o crescimento populacional da cidade nas últimas décadas e uma frota de veículos que não para de aumentar, Piracicaba tem como desafio encontrar soluções de melhorias para a mobilidade urbana. De 2001 a 2012 a frota de automóveis, por exemplo, passou de 85 mil para 153 mil um aumento de 79% (clique aqui e acesse o indicador).

A implantação de uma rede cicloviária segura e a reestruturação do sistema de transporte coletivo são apontadas como necessidades imediatas pela cicloativista e doutoranda em Ecologia Aplicada da USP, Mirian Rother e pelo professor de Planejamento Urbano e Regional da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Roberto Braga.

As discussões sobre o assunto ganharam força com a revisão dos Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano e de Mobilidade, que está sendo elaborada pelo Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba (Ipplap) e deve ficar pronta até o fim deste ano. A autarquia também contratou em outubro passado, por meio de licitação, uma empresa para desenvolver um plano cicloviário para o município. A empresa terá 180 dias para realizar o trabalho.

Segundo Mirian, é preciso pensar em medidas eficientes para desestimular o uso individual e cotidiano do automóvel. “Ainda existe uma cultura rodoviarista bastante conservadora na visão dos nossos gestores. São anos de investimentos na malha viária destinada somente ao carro”, comenta. O professor da Unesp cita ainda o estímulo do governo federal ao setor automotivo, com incentivos às montadoras e ao crédito, que levam ao aumento desenfreado da frota, além do crescimento econômico de Piracicaba que também favorece esse acréscimo de veículos nas ruas. “Ocorre uma inversão de valores nas políticas governamentais que estimulam mais o transporte individual do que o coletivo”, destaca Braga.

Para Mirian, o transporte público só ganhará importância em relação ao deslocamento individual motorizado se houver investimentos que garantam qualidade ao sistema, incluindo conforto ao usuário e tarifa zero ou ao menos de baixo custo.

 

O ex-coordenador do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comdef), Fernando Domingues, vai além, e reforça a necessidade de adaptação do transporte coletivo e sensibilização dos usuários e operadores do sistema. “A revisão do plano de mobilidade é fundamental para nosso grupo, uma vez que as dificuldades de locomoção estão sempre na pauta do conselho”, afirma Domingues.

O incentivo ao uso da bicicleta também é uma alternativa que pode trazer inúmeros benefícios, desde que ofereça à população estrutura cicloviária segura e confortável, integrada a outros modais de transporte. “Junto à implementação da estrutura cicloviária deve ser realizado um amplo trabalho de educação para a mobilidade, a partir das crianças. Motoristas e ciclistas devem ser educados para compartilhar o leito carroçável da cidade”, enfatiza Mirian.

 

Integração das políticas habitacional e de mobilidade

De acordo com Roberto Braga, falta integração entre a política de mobilidade e o uso e ocupação do solo do município. “Os investimentos em mobilidade acabam sendo anulados pelo crescimento desordenado da cidade, que faz aumentar a demanda de transporte acima da capacidade do sistema”. O que precisa, segundo ele, é tornar a cidade mais compacta, com o trabalhador morando perto do emprego e o consumidor perto das áreas comerciais, minimizando, dessa forma, a necessidade do deslocamento motorizado.

 

Conselho Municipal de Mobilidade Urbana

Os entrevistados também apontam a criação do Conselho Municipal de Mobilidade Urbana (Comob) como prioridade. Para eles, o Comob é de fundamental importância para que haja efetiva participação do cidadão, controle social e transparência na política de mobilidade.

O professor lembra que o Comob deveria ter sido criado em 2007, mas até agora não saiu do papel. Mirian afirma que é direito do cidadão e obrigação da gestão pública municipal, conforme previsto no Plano Diretor de Mobilidade de Piracicaba.

O Observatório Cidadão entrou em contato com a assessoria de comunicação do Ipplap para obter informações sobre a criação do conselho e outros temas ligados à mobilidade, mas até o fechamento da reportagem não obteve retorno. 

 

Créditos fotos:Pauléo/JP; Thomaz Fernandes/G1

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