Cientista político apresenta os desafios e perspectivas da democracia brasileira

Publicado em 11/12/2013 - 12:00
Cientista político apresenta os desafios e perspectivas da democracia brasileira

Em comemoração ao primeiro ano de atuação do Observatório Cidadão de Piracicaba, foi realizada palestra na noite de quinta-feira, dia 5, com o tema “Desafios e perspectivas da democracia brasileira”, ministrada pelo professor titular da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Marco Aurélio Nogueira, um dos principais cientistas políticos do Brasil.

Durante o evento, realizado no auditório da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) 8ª subseção, em Piracicaba, também foi lançado o livro “As Ruas e a Democracia”, de autoria do palestrante.

No início da palestra, o professor apresentou um panorama da democracia brasileira e falou sobre as mudanças da sociedade, que se urbanizou em um curto espaço de tempo e recebe cada vez mais informações de forma rápida e de diversas fontes. Nogueira também abordou o fenômeno da individualização, que se repete em países em desenvolvimento como o Brasil. “Os indivíduos estão mais soltos em relação aos outros e as hierarquias familiares têm menor peso nas decisões das pessoas”, comenta.

Diante das transformações, o palestrante diz que os núcleos associativos funcionam por lógicas particulares, sem muitas articulações com outras entidades. “Existe dificuldade de fazer com que esses núcleos produzam entendimento comum com a sociedade. A coesão social é uma importante ferramenta para a democracia”.

O cientista político apontou os dez desafios da democracia no Brasil, que passam pela crise da qualidade da representação política, ódio social contra os políticos e a baixa participação associativa.

Segundo Nogueira, é preciso enfrentar a crise da qualidade dos representantes políticos, que não conseguem encontrar um ponto de comunicação adequado com a sociedade. Além disso, o professor reforça a necessidade de se estabelecer uma política que seja compreendida pelo cidadão, já que a maior parte da população não sabe o que acontece com o seu voto. Como exemplo ele cita o troca-troca de partidos, onde o eleitor vota em determinado político ou legenda e mudanças partidárias acontecem ao longo do mandato.

Outra questão levantada pelo professor se refere ao verdadeiro papel dos partidos, que deveriam cumprir a função de agir como canais que absorvem as demandas da sociedade e ajudam a transformá-las em políticas públicas. Ele diz, ainda, que há uma competição partidária predatória, que dificulta a continuidade dos governos, fazendo com que as medidas adotadas por determinado partido durante uma gestão não tenham sequência quando outro assume. “É necessário horizontalizar as políticas. Muitas ações eficientes são descontinuadas”, comenta.

Quanto às perspectivas para 2014, o palestrante não demonstra otimismo e afirma que a vitalidade das ruas com as manifestações de milhões de brasileiros em 2013 foi abortada pelos políticos. “Mesmo diante da insatisfação demonstrada nas ruas não houve mudanças. As manifestações poderão ter apenas desdobramentos em uma enxurrada de votos nulos”. O professor também aponta para a baixa qualidade dos debates entre os candidatos nas eleições do ano que vem, quando serão escolhidos presidente, governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais. “A competição eleitoral novamente será marcada pela baixaria, onde haverá pouco debate de qualidade”, destaca. 

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