A Lei Orçamentária Anual de 2013, proposta pelo executivo e aprovada pela Câmara no final do ano passado, prevê R$ 500 mil para projetos e estudos relacionados a implantação de um sistema cicloviário municipal. Atualmente os trechos de ciclovias e ciclofaixas somam 9,05km de percurso, numa malha viária formada por mais de 1500 km de asfalto.
A inclusão do estudo cicloviário no plano orçamentário é considerada uma vitória da sociedade e, especialmente, dos cicloativistas que se mobilizaram diversas vezes para debater a necessidade de ciclovias, promoveram eventos como as Semanas de Mobilidade Urbana em 2011 e 2012 e levaram o assunto para a período eleitoral pedindo o compromisso de candidatos. A primeira tentativa em 2012 de incluir o estudo no Orçamento Público teve apenas três votos favoráveis, sendo um do próprio autor do projeto, o vereador José Antonio Fernandes Paiva (PT).
Ricardo Simões, biker e professor de educação física que defende a ampliação do uso desse meio de transporte e lazer, disse que a rubrica mostra uma mudança significativa com relação à bicicleta como forma de transporte, esporte e lazer, mas também indica alterações na ótica do plano municipal de transportes. “As vias destinadas ao ciclismo foram completamente ignoradas por décadas em Piracicaba. Entretanto, nada para se comemorar ainda, pois a rubrica é apenas uma marca no papel”, disse ele.
Nos últimos anos houve um investimento em ampliações de ruas e avenidas, além de implantação de semáforos por todos os lados, porém, Simons afirma que mesmo com esse investimento o tráfego continua lento, travado e com congestionamentos nos horários de pico.
O ciclista acredita que não existe um pré-projeto de ciclovia para o município atualmente, o único que conhece foi feito há aproximadamente 10 anos, mas não foi implementado pela Prefeitura de Piracicaba. “Apesar de a cidade ter mudado muito desde então, acredito que esse projeto pode ser revisitado e mostrar um início interessante”, diz.
Para ele, o centro comercial, os espaços turísticos e áreas acadêmicas devem ser os primeiros contemplados com vias de rodagem/infraestrutura e interligações aos bairros por vias de menor porte. “Nessa lógica permite-se que as pessoas se desloquem de suas casas até o centro da cidade de bicicleta e também se locomovam por esses bairros centrais em suas atividades de trabalho e lazer.”
A segurança é outro ponto importante, segundo Simons, porque os ciclistas são vítimas de roubos e agressões, que já foram registradas pela imprensa. É preciso que se implante locais apropriados para abrigar a bike e segurança nos trechos.
Para a cicloativista, Mirian Rother, doutoranda em Ecologia Aplicada pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e pelo Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura), a rubrica do Orçamento para ciclovias é uma vitória do cicloativistas. “O valor de R$ 500 mil parece ser suficiente para desenvolver um bom estudo para um plano cicloviário em Piracicaba. Espero que nós, cicloativistas de Piracicaba, acompanhemos de perto o processo, para que haja maior transparência e participação popular nas decisões quanto ao destino do dinheiro público”, informou ela.
Para Mirian, o plano deve priorizar as linhas principais e levar em consideração o atendimento do ciclista que utiliza a bicicleta no dia-a-dia e não somente para atividades de lazer. “Há muitas soluções de baixo custo: implementação de bicicletários e paraciciclos nos terminais de ônibus e edifícios públicos, instalação de racks em ônibus, para que os usuários de bicicleta possam transpor trechos de maior dificuldade ou distância, levando a bicicleta no próprio ônibus, políticas públicas que prevejam educação de motoristas sobre o respeito à bicicleta como modal de transporte e leis de CBT (Código Brasileiro de Trânsito) específicas para a bicicleta, e tantas outras mais”, afirma ela.
Mirian destaca que integrar a bicicleta como modalidade de transporte, significa construir um modelo de mobilidade urbana plural e mais sustentável, que deve levar em conta a segurança física dos usuários, seja pela educação no trânsito ou pelas questões de infraestrutura, como qualidade de sinalização, pavimentação, iluminação, monitoramento policial.
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