Só quem é líder comunitário sabe que o trabalho é difícil e, muitas vezes, demora anos e anos para aparecer. E, mais, não há salário e a pressão é grande. Contudo, aqueles que abraçam a causa de seu bairro costumam ter paciência e insistência para fazer as mudanças acontecerem. Nascido no final dos anos 1970, o Centro Comunitário Monte Alegre, do bairro histórico de mesmo nome, tem uma estrutura que serve como modelo a associações mais recentes.
A associação do bairro tem sede própria com consultório médico e odontológico, que foi resultado de anos de trabalho. As reformas e melhorias são resultados do trabalho dos líderes, que em 2006 conseguiram uma doação da VCP (atual OJI Papeis Especiais) de R$ 56 mil, que foi usada para reformar todo o prédio.
Líder comunitário há décadas, o aposentado Fortunato Fleury Sunhiga é o atual vice-presidente do Monte Alegre, mas já ocupou o cargo de presidente, tesoureiro, entre outros. Ele mora há 30 anos no bairro, onde conheceu a esposa e casou. “Nós temos médico e dentista para a comunidade e também o pessoal do São Jorge (bairro vizinho que usa a mesma estrutura). O atendimento é muito bom e os moradores não precisam se deslocar para a cidade para ir ao médico”, diz ele.
O atual desafio da comunidade é conseguir a recuperação da avenida Comendador Pedro Morganti, principal do bairro. “Tem muitos buracos por causa do tráfego de caminhões pesados. A licitação para reforma deve sair nesta quarta-feira (21)”, diz o Sunhiga, que atualmente espera pela nova eleição, já que está em mandato tampão.
Cheia de conquistas, a líder comunitária Cleusa Maria Adão Aguiar, 60, representante da Associação de Moradores do Parque dos Eucaliptos, região Sul da cidade, diz que muito já foi feito, mas ainda há trabalho.
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Cleusa afirma que o trabalho é puxado e o líder comunitário deve ter bom senso, além de estar preparado para ouvir as pessoas. “Ele trabalha mais que vereador porque vive 24 horas na comunidade e divide os problemas”, declara.Há mais de 30 anos, quando se mudou para o bairro, não havia luz, água encanada, esgoto, escola ou asfalto. Na região atendida pela líder comunitária existem 40 mil famílias. “Agora, melhorou muito e a qualidade de vida é outra. Temos empregos, as pessoas estudam, temos duas creches grandes”, diz.
A principal conquista da comunidade veio depois de muitos anos de trabalho, os moradores do Parque dos Eucaliptos vão conseguir a escritura de seus lotes, um sonho de décadas. “Nosso próximo desafio é um centro cultural, porque temos muitos talentos aqui na periferia”, diz Cleusa cheia de ânimo.
Há quatro anos foi criada a Associação dos Proprietários e Moradores do Bairro Colinas de Santa Izabel. A região reúne 2.000 pessoas (segundo censo feito pelos moradores em fase de conclusão), mas não tem luz em todas as ruas, água encanada e asfalto.
A operadora de máquinas Tereza Nunes dos Santos, 51, conselheira da associação e também fundadora, afirma que o bairro é abandonado e quase não recebe benfeitorias. “Fundamos a associação para lutar por essas coisas e já conseguimos algumas melhorias”, diz ela.
Tereza disse que as ruas estão mais transitáveis e algumas ruas foram iluminadas, além disso, a rede de água está sendo ampliada. “Ainda temos que conseguir asfalto, rede de luz nas ruas e outras coisas”, diz ela.
Como os outros líderes, o trabalho é voluntário e como não há sede, as reuniões são feitas nas casas dos membros da diretoria, mas nem isso tira o ânimo do grupo, que já pensa em novas conquistas.
Como se organizar?
A sociedade civil pode se organizar em associações comunitárias para discutir e reivindicar melhorias para seu bairro, escola ou região. A participação e organização são previstas na Constituição Brasileira e permitem ao cidadão interferir na vida de sua cidade. A participação é voluntária.
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